quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Muitas Antas, Mais alguma gente

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Mas ainda pouca gente!
Durante prospecção preventiva em uma rodovia na região dos megalitos, o número de aldeias associadas ao megalitismo aumentou um pouco. Quatro aldeias foram encontradas e tres delas serão escavadas em Dezembro.
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Arqueologia de Lugares Naturais: "Megalitismo Natural"
Por toda costa Norte do Amapá, na região dos Megalitos, afloramentos de granito com abrigos eram utilizados para deposição de vasilhas cerâmicas e urnas funerárias, um contexto semelhante ao que encontramos nos megalitos. Na foto um destes sítios, Montanha da Pluma, recentemente revisitado durante prospecção preventiva nas obras de uma rodovia.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Megalitismo do Amazonas/Guianas

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O megalitismo do Amapá, o mais espectacular das Américas, apresenta uma distribuição relativamente ribeirinha, nos limites da terra firme do litoral amapaense.

Porém, existe um conjunto de monumentos, bastante diferenciado e muito mal conhecido, axializado pelo festo que separa a bacia amazónica das bacias guianenses.
Esta distribuição junto ao festo (watershed, water divide) é muito semelhante, em vários aspectos, à dos menires alentejanos ou, na maioria dos casos, à das estelas etíopes.

Na verdade, refiro-me a monumentos cuja tipologia, nalguns casos, se pode inserir algures entre o megalitismo e a arte rupestre.
São arranjos de pedras, de dimensões modestas, que reproduzem motivos frequentes na arte rupestre. Localizam-se sobre inselbergs graníticos (na Guiana francesa).

Outros, localizados na Savana Sipaliwini - a continuação, em território do Suriname, da savana dos Tiriyós - parecem desenhar alinhamentos de tipo astronómico, mas igualmente com pedras pequenas, sobre batólitos graníticos. (link).
Há também um exemplar, publicado como arte rupestre, em que o suporte se assemelha - pelo menos na imagem publicada - a um menir, com gravuras. (link).

Em território brasileiro, alinhamentos astronómicos foram materializados por blocos graníticos fincados, que, tipologicamente, se aproximam muito (exceto na escala) dos alinhamentos de menires.

De um e de outro lado da fronteira Suriname-Brasil, há referências a importantes conjuntos de arte rupestre; para além das referências de Protásio Frikel, ainda praticamente desconhecidas, tem vindo a ser estudado um sítio excepcional, no Suriname, com datas bastante recuadas: Werehpai.




domingo, 23 de novembro de 2008

Etnoarqueologia megalítica tropical

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Esquema da estratigrafia e das estruturas da necrópole de Tuto Fela. Note-se que os poços em forma de bota estão associados a estelas "fálicas" e são sobrepostos pelas deposições superficiais, associadas a estelas "antropomórficas".

Foi publicado, em 2007, mais um volume, dirigido por R. Jousseaume, sobre o megalitismo da África Oriental, centrado, neste caso, no monumento de Tuto Fela, no Sul da Etiópia.

A existência, nessa região, de povos que continuam, hoje em dia, a erguer monumentos megalíticos, suscitou uma abordagem etnoarqueológica particularmente interessante.

Para além do potencial destes dados, em termos de arqueologia comparativa, para o estudo do megalitismo, como fenómeno global, é, desde logo, muito curioso comparar directamente os sítios megalíticos etíopes e amazónicos.

Essa comparação deve ter em conta vários aspectos:

1. A cronologia. Os dados actualmente disponíveis, para a Etiópia, a partir do conjunto de Tiya (Jousseaume, 1995) apontam para cronologias à volta de 1200 d.c. (apesar de alguma indefinição para momentos anteriores), em concordância com as cronologias do megalitismo amazônico.

2. A tipologia das sepulturas etíopes, associadas às estelas (Tiya, Tuto Fela...) é outro detalhe coincidente com a realidade amapaense; de resto, "os povos Oromo (ou oromoides) actuais (Borana, Konso, Arsi...) depositam os seus mortos em posição flectida contraída num nicho arranjado no fundo de um poço." (Jousseame, 2007: 265).
Os rituais funerários destes povos, envolvendo megalitos, mas também estátuas de madeira, são descritos com algum detalhe, envolvendo igualmente iconografias e artefactos simbólicos, em articulação com a respectiva estrutura social.

3. A conformação das plantas dos monumentos com eventos astronómicos e calendáricos, proposta para monumentos namoratunga, no Norte do Quénia (Jousseaume, 2007: 258).
Um dos sítios apresenta um conjunto de alinhamentos, com 19 pedras, o mesmo número que curiosamente encontramos no famoso conjunto de Locmariaquer, no Morbihan (França), provavelmente relacionado com o ciclo das pausas lunares.
Recorde-se que os dois alinhamentos conhecidos na savana Tiriyó (Tumucumaque), apresentam 52 e 13 blocos, respectivamente, valores que reflectem interesses calendáricos de tipo luni-solar.